Síria (o desaparecimento)
Em 2009, quando visitei a Síria, fiquei supreendi-me pela quantidade de monumentos e sítios históricos que este país, fora da lista de turismo mundial, tinha para oferecer.
Palmyra , a fantástica cidade greco-romana
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Palmyra perdida num deserto e alimentada por oásis, à sua volta, não há prédios nem muros, não há qualquer distração que me faça pensar que estamos no século XXI.
A cidade greco-romana, com uma dimensão de 50 campos de futebol, parece acabada de ser descoberta depois de um longo período de abandono desde o século III.
Palmyra , a fantástica cidade greco-romana
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O Krak des Chevaliers é outra das maravilhas da Síria. O imponente castelo foi construído pelos cruzados Hospitalários e é o mais importante da sua época que está preservado.
Não só as antigas ruinas faziam da Síria um país fantástico a visitar! As cidades de Aleppo e Damasco lembram-me sempre das melhores medinas que já conheci. Ao passearmos pelo mercado, era raro encontrar outro turista, e isso tornava os mercados mais autênticos e inalterados, pois era difícil de depender da economia do turismo. Muito raro eram as lojas que se destinavam apenas a turistas.
Um homem pára por momentos para olhar para uma loja de véus para senhora.
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A oração na mesquita Umayyad em Damasco
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Pormenor de um tecto e de um candeeiro fabuloso, tipicamente árabe, em Aleppo.
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Assim que cheguei à Síria, depois de uma semana na Jordânia, fui surpreendido com a frase de um sírio que encontrei na rua:
“A Jordânia ainda é uma monarquia que não se compara à Síria que tem um presidente!”
A frase estará correta, de um ponto de vista ligeiramente adulterado, em relação ao sistema eleitoral sírio, nos últimos 50 anos. De fato, o presidente ditador Bashar al-Assad, foi eleito como candidato único, nas eleições de 2000, sucedendo ao seu próprio pai Hafez al-Assad, que comandou a Síria durante 30 anos até à sua morte. Soa a monarquia??
De facto, quando em 2009 estive na Síria, o país vivia uma (talvez falsa) estabilidade e tranquilidade imposta pelo regime de Assad, onde qualquer turista podia visitá-lo sem aparentes restrições e havia empenho para conservar os locais históricos e culturais. O povo era livre? Certamente que não, mas será que esta tragédia se vai justificar se um dia Assad será deposto? Será que a esta desgraça, o povo sírio ainda terá de seguir o caminho desgovernado da Líbia à procura do rumo democrático? Será que conseguimos impedir ataques terroristas, como os de Janeiro em Paris, aumentando os meios de segurança interna e ignorando o que se passa na Síria, Líbia, etc? Talvez não….